terça-feira, 5 de setembro de 2017

Aeromachi Xavante pintado com as Novas tintas Aerotech



A já tradicional marca de tintas nacional retorna ao mercado, sob nava direção, cheia de novidades.







  Pintar kits plásticos com tintas automotivas como duco e poliéster é algo absolutamente “jabuticaba”, “made in brazil”, como a feijoada e a caipirinha. Esse costume remete aos anos 80 e 90. Passávamos por um “boom” de modelismo, a economia se estabilizando e se abrindo aos poucos, a TV era uma só e ficava na sala, a internet era coisa de ficção científica e o videogame era diversão de alguns poucos... O plastimodelismo via amadurecer sua primeira geração de crianças dos anos 60, que se divertiram com seus “aviõezinhos de montar” e agora carregavam o hobby de forma séria e madura, um passatempo de gente grande. Os materiais e os kits não entravam em abundancia no pais, mas fato é que as lojas de modelismo eram muito mais recorrentes e abundantes no Brasil, e muito mais relevantes e presentes do que são hoje. Isso porque as pessoas queriam praticar o plastimodelismo e outras formas de modelismo. O Paraguai e a zona franca de Manaus ajudavam a abastecer o país com as novidades da época. Entre essas novidades estavam os aerógrafo. Os primeiros Badgers 100, Iwata Hp-c e Holbien Y-3 entravam no pais e seduziam os modelistas a incrementar suas pinturas... Mas e as tintas? O que usar nesses aerógrafos?
Essa forma inconsistente de abastecimento tornava os insumos (aquilo que precisamos comprar e repor constantemente) muito escassos, ou mesmo inexistentes. Não muito diferente de hoje, não é mesmo?...
Enquanto “gringos” esbanjavam com as novas linhas de gunze e tamiya acrilica, abastecimentos infinitos de esmalte testors e model master... nos aqui tínhamos que nos virar com o pouquinho disso que entrava, ou então apelar para “soluções” criadas por alguns empreendedores da época, como esmalte de parede ou de unha, guache, entre outros...
Mas essas soluções não foram suficiente, precisávamos de mais, e então recorremos a quem já usava tintas em pistola e aerógrafo no dia a dia: Os funileiros.   
Essa nobre classe de trabalhadores nos mostrou a arte de trabalhar com tintas como o Acrílico e o Duco automotivo, tintas feitas para serem aplicadas em ferramentas de pintura, para secagem rápida e para serem resistente e de bom acabamento... mesmo que a principio elas não fossem próprias para uso em plastico, mas os funileiros também nos mostraram o primer, a seladora para plastico, o promotor de aderência e tudo mais... 
"Pastel fechado"
Não demorou para que o casamento entre tintas automotivas e modelistas se tornasse um casamento de sucesso no brasil. Essas tintas estavam disponível, a um preço aceitável, em quantidades ótimas que manteriam o modelista abastecido por décadas... Também não demorou para aparecer quem dominasse a técnica, quem começasse a demonstrar total destreza e talento ao aerografar um modelo. Também não demorou para aparecer quem explorasse essa alternativa para criar produtos voltados aos modelistas, já nas cores, diluições e quantidades que o hobby exigia... 
Foi nesse intuito que o saudoso Marco Giorgetti, vulgo Marcão, começou lá nos idos de 1993 a dar os primeiros paços rumo ao que seria posteriormente a Aerotech. Marcão era um modelista excepcional, ligado as tendencias da época, dono de um talento impar em misturar cores. Por mais de 20 anos se prestou a abastecer modelistas e lojas com o que havia de melhor em termos de duco e acrílico automotivo, já nas cores que os modelistas demandavam, e prontas para o uso em aerógrafo.
Marco Giorgetti carregou a sua marca até que nos últimos anos de vida, por volta de 2015, já debilitado na saúde, ele transmitiu sua marca ao modelista e amigo pessoal Ricardo Matua, outro excelente modelista (já colaborou muito com a Revista Hobby News) que manteve a marca até o encerramento das atividades de sua loja em São Paulo, a Model World. Agora, Werner Kolbe, outro modelista de longa data, assume a marca, trazendo cara nova, novos produtos e uma nova forma de atuação.
A marca reapareceu  no mercado rejuvelhecida. Novo logo, embalagem, novas cores, novos sets de cores, sangue e folego novo para a marca. Recebemos gentilmente um desses sets para a avaliação. Recebemos o set “Cores Fab”, quem implicam em cores da fab para possíveis pinturas dos últimos 50 anos. Vamos a avaliação criteriosa desse novo produto do mercado, e para isso, fomos atras de um modelo de avião da fab. O modelo escolhido foi o Mb 326 Italeri escala 1/72, modelo que se presta a fazer a versão brasileira do avião, o AT-26 Xavante. Falaremos um pouquinho dele aqui também, mas o foco é a questão das novas tintas.


Comparando as cores com os FS originais. Todas passam nos testes
chegando bem proximo da cor real
Avaliando as tintas:

A apresentação do set é algo muito convidativo para compra. Uma caixinha transparente guarda os 8 frascos plásticos de tinta de forma organizada. Dentro da caixa ainda encontramos referências coloridas de pinturas fab de várias épocas, instruções muito bem escritas sobre os usos da tinta, e ainda vem uma pipeta para uso das tintas. O fato das cores virem em tubos de plastico ao invés de vidro incomodam um modelista como eu, que está a mais de 15 anos usando tintas duco. A escolha do plastico baixa o custo de 


produção, deixa a embalagem mais leve e resistente, isso é fato, mas ainda me incomoda. Isso porque a validade de uma tinta duco bem acondicionada é indeterminada, pode durara literalmente décadas. Porem eu já observo em alguns frascos meus adquiridos a alguns anos o detrimento da tinta, isso devido a exposição continua do plastico da embalagem ao thinner da composição da tinta. Meus frascos das primeiras remessas da antiga aerotech que vieram no plastico, cerca de dez anos atras, estão deformados e esbranquiçados, com a tinta talhada dentro, algumas já inutilizáveis, enquanto tintas adquiridas anteriormente a essas, tambem da antiga aerotech mas em embalagens de vidro, estão em perfeitas condições de uso, passados quinze anos após a aquisição.
As cores vem pelos seus respectivos “Federal Standart”, ou FS. Para quem não sabe, o FS é a tabela de cores para fins oficiais, governamentais e militares dos Estados Unidos. Por praticidade, a Força Aérea Brasielira tambem adotou esse padrão para ela.
Não foi testado todas as cores do set, foi usado e testado apenas as cores necessárias para fazer o Xavante no padrão três tons, padrão brasileiro esse que é uma copia do padrão utilizado pela Usaf (força aerea americana) no vietnam. Na verdade não copiamos, adotamos essas cores quando compramos aviões norte americanos que já foram entregues nessa coloração, e a tal se apresentou muito eficiente em solo nacional. 
No teste comparativo de tonalidade em relação a carta oficial de cores Federal Standart, nenhuma cor foi precisamente exata na tonalidade. Algumas chegaram próximas, outras nem tanto, como mostra as fotos. Mas temos que concordar que isso é muito difícil de acontecer, marcas grandes de tintas também erram nesse quesito, erram até mais que a aerotech. O que ela apresentou está dentro do que se espera.
Porem na pintura, as cores se apresentaram mais distante do que o resultado que se esperava. Ao olharmos para um avião fab com esse padrão de cores, é comum encontrarmos um avião com “aspecto de vietnam”, já que a pintura era a mesma, mas a sensação no kit não era essa. Comparei com outros modelos pintados, um com pr-colors, outro com as Antigas aerotech, outro ainda feito com vallejo. Havia diferentes nuances entre eles, mesmo porque o tempero da cor muda muito de modelista para o outro, mas o xavante era o que parecia mais distante. Consultei diversas fontes e questioneis modelistas experientes e estudiosos sobre a fab. Todos não se sentiram plenamente convencidos pelas cores aplicadas no avião. Os principais comentários que ouvi foram a respeito do tom castanho (fs 30219) que não estava muito adequado e apresentava um tom avermelhado e escuro demais, e o tom verde claro (fs 34258) não seria o federal standard adequado. Mas vou relativar esse aspecto. Tonalidades tem muito mais haver com gosto, percepção e tempero que o modelista aplica na cor do que de fato a tonalidade em si. Tonalidades corretas são apenas o ponto de partida ideal, não quer dizer que seja o ponto de chegada da pintura final.
O que deve ser observado de fato é a qualidade da tinta. Dentro daquilo que se espera para um tinta duco, a tinta foi ótima. Excelente cobertura, controle total de saturação das cores, total resistência a outros produtos comuns no hobby (como agua raz, tinta oleo, vernizes e amolecedores de decais e etc), excelente rendimento e acabamento impecável, como uma boa tinta duco deve ser.
Então, concluindo a avaliação da tinta, antes de apontar as falhas da marca, que de fatos são poucas, devemos celebrar a (re)entrada de uma marca no mercado, aumentando a oferta e a concorrência no escasso mercado de insumos de plastimodelismo no Brasil. Principalmente devido ao fato dessa marca carregar uma tradição nas costas, ao mesmo tempo que é tomada por uma visão nova de gerencia e estratégia. A tinta é boa, vamos aproveitar, só temos a ganhar com isso.

Tutorial: Porque e como usar tintas automotivas no plastimodelismo


As tintas automotivas estão aí para quem quiser no mercado de plastimodelismo. Hoje em dia, essas tintas, que podem ser duco, poliéster, acrílico ou PU, formam hoje o que temos de mais completo e acessível em termos de tinta para plastimodelismo, sem deixarmos de lado o alto desempenho e os acabamentos impecáveis. Nos meus cursos online ou presencial de aerografia para plastimodelismo, usamos quase que exclusivamente essas tintas, devido a disponibilidade, preço, e principalmente pelo fato dessas cores unirem acabamento impecável com uma facilidade incrível para aplicação. Em pouco tempo de prática, o modelista já ganha confiança e destreza suficiente para dominar completamente a pintura de seus modelos.
A pintura é bastante simples, não existe muito segredos, e alguns irei ensinar agora:

1- A peça precisa estar devidamente preparada. Essas tintas não aderem diretamente ao plastico, por isso é necessário o uso de primers. As marcas, como a aerotech, oferecem primers próprios feitos em acrílicos. Mas geralmente, primers diversos servem para as tintas automotivas. Então escolha aquele que mais te agrada e aplique camadas finas  
2- Trabalhe sempre com as tinta duco devidamente diluída. Não exite uma diluição precisa, isso vai variar muito dependendo do aerografo, compressor, acabamento e proposta do modelista. Para acabamentos lisos, ideal para brilho, ou mesmo para melhor aplicação de decal posteriormente, use uma diluição generosa (em torno de 1:1) de thinner automotivo de boa qualidade, ou mesmo thinner para poliéster. 
3- Aplique camadas finas e dê um período de descanso entre as mão de tintas para evitar “arrepios” no plastico ou problemas na pintura.
4- após algumas horas de aplicado, a tinta fica absolutamente inerte, aguentando qualquer tipo de tinta, verniz ou produto que possamos aplicar para finalização do kit. 
5- O uso correto de tintas duco e outras tintas automotivas pode trazer uma série de vantagens e atalhos para o modelista. Por ser a tinta mais fácil que tem para dominar no aerografo, é possível rapidamente dominar o controle de saturação da tinta e proporcionar uma pintura com desgastes e weatherings, desde as primeiras camadas. 
6- Para pinturas brilhante, a tinta duco é a melhor opção para cores solidas clássicas, já que é um tinta que possui “autobrilho” (brilho próprio), ou seja, é possível fazer com que ela brilhe e reflita naturalmente, economizando mãos de verniz e horas de polimento. 

Precauções:

1- Trabalhe sempre em lugares bem arejados e ventilados, e recomenda-se o uso de mascara. Caso você não tenha alergia a thinners, uma boa mascara de pano pode ser o suficiente. Caso o thinner te incomode demais, mascaras com elementos ativos são recomendadas.
2- Tome cuidado com saturação excessiva de tinta sobre o modelo. Lembre-se que thinner e plastico não são os melhores amigos. 
3- Acomode a tinta devidamente protegida da luz e bem fechada em seus frascos, e tera tinta para muitos modelos por anos. 


Falando um pouco sobre o Kit: Mb 326 Italeri 1/72


Quando monto um kit 1/72, apenas uma coisa vem a cabeça: Diversão. Kits 1/72 me remetem a uma forma mais pura e lúdica de praticar o hobby. Menos arte, mais prazer. Kits 1/72 são aqueles que te permitem trabalhos bem feitos e sofisticados, rico em detalhes e efeitos, ao mesmo tempo com pouco trabalho, pouco esforço. Pequenas quantidades de “serviços” feitos no modelo já geram modelos incríveis. Talvez ainda seja minha escala favorita, pelo menos quando o assunto é relaxar com um modelo na mão...
Se essa for sua pegada ao montar um MB 326 1/72 da Italeri, você estará bem servido de um kit simples, de baixa dificuldade, defasado pelo tempo, é verdade, já que não estamos falando de um modelo novo, mas terá diversão por uns dias e um modelo muito simpático ao terminar.
Um simpático e simples interior 1/72
Já se você for um modelista mais meticuloso, detalhista, atendo a detalhes de versões, e se estiver afim de fazer o exato modelo at-26 da força aérea brasileira, prepare-se para se decepcionar com um kit absolutamente omisso, e prepare-se também para “gastar” bastante de seu talento ajustando e construindo o que a italeri simplesmente não fez para esse modelo. 
O kit injetado em alto relevo tem linhas pobres e poucos detalhes. O interior da cabine é extremamente simples e pobre, salvo aos 45 do segundo tempo pelas decais dos painéis que o tornam mais palatável e acaba funcionando em algo. A simplicidade do modelo acaba ajudando na hora do fechamento da fuselagem, que acontece dando o trabalho costumeiro de um kit, nada demais. Um pouco de trabalho terá ao tentar rebaixar as linha do painel, caso esteja interessado em adequar o modelo as técnicas modernas de washed. As linhas dos encaixes das asas acabam ficando “grossas” demais para um modelo 1/72, necessitando de um trabalhinho de funilaria ai.    
Tampando as fendas nas raízes de asas. 
Até aqui nada demais para um modelo de avião na escala 1/72 lançado a tanto tempo, isso seria se a Italeri se propusesse apenas a vender o modelo do MB 326, e não de sua versão brasileira, o at-26. Mas ao mandar no modelo decais para a versão da FAB, (por sinal bons decais, apesar de vir faltando elementos importantes, como numeração), acreditasse que se trate de um modelo pronto para fazer nosso querido xavante. Mas não é.
Diferente das versões italianas e australianas, a versão brasileira não é apenas uma versão de treinamento de pilotos, nosso avião cumpre essa função também, mas também é operacional, lançador de bombas e foguetes, além de possuir dois pods de canhões nas asas e um tanque de combustível diferente das demais versões. O modelo não vem preparado para nada disso. Apesar de vir os pilones para os armamentos, o manual simplesmente os ignoram, e mesmo que queira aproveitar o tanque de combustível do kit, será necessário um “scracht” para adaptá-lo, pois os que vem no modelo são os canhões e pods de foguetes do avião irmão operacional de ataque ao solo, o Impala. 
Produto utilizado nas fendas foi a massa putty da Vallejo
Resumindo, um kit pobre em detalhes mas que pode render um bom serviço, e que fica mais pobre ainda se optarmos pela versão brasileira. Mas não devemos subestimá-lo. Se você é um apaixonado por fab, ele é um otimo ponta pé inicial para seu projeto de Xavante. As correções necessárias não são difíceis, e só de comprar um modelo que vem a versão brasileira na caixa, já bate uma pontinha de patriotismo muito necessário as vezes... Então bora lá, hora de tirar esse seu kit do armário (no bom sentido) e encarar ele, sem modificação nenhuma como eu fiz, ou mudando tudo e deixando ele bonitão, afinal é uma parte importante da historia da nossa aviação que você vai ter na sua vitrine.

Uma história rápida sobre o Xavante, o guerreiro da FAB.

No final dos anos 50, a tradicional empresa aerospacial italiana, a Aeromacchi, sentiu a necessidade de criar um avião treinador para a nova geração de caças supersônicos, como os f-104. O mb-326 consiste de um treinador a jato sub-sonico, mas com os avionicos mais modernos da época, sistemas de radares, computadores de bordo e um motor a reação moderno.
Eles estavam corretos em prever essa necessidade, o avião foi um sucesso de vendas dentro e fora da Itália, quase 800 unidades fabricadas vendidas a 13 países. Devido a acordos comerciais entre a Aeromacchi e a Embraer, o Brasil teve o beneficio de fabricar seus próprios modelos em fabricas da Embraer no Brasil.
A intenção da FAB nos anos 70 era ter a disposição aviões treinadores para treinar tripulações para os recém-adquiridos mirage III. O avião cumpriu muito bem esse serviço, além de ganhar um viés operacional, passando de um simples treinador, mas também um avião capaz de efetuar ataques ao solo, carregar armamentos e bombas, efetuar missões efetivas de ataque e defesa, e não só treinamento.
A aeronave cumpriu muito bem suas funções até o ano de 2013, quando foi oficialmente retirada dos cursos de voo e posteriormente, retirado do serviço, apesar de algumas unidades serem avistadas em bases aéreas até hoje.    






Um comentário:

bibiano kociusko disse...

assista meu vídeo: projeto Kociusko no utube