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Tanque em fase inicial de pintura |
Montar kit referentes a
primeira guerra é sempre um grande desafio, não pelo tema em si,
mas pela a qualidade dos modelos. A primeira guerra mundial foi o
evento mais horrível e estressante da humanidade. Seus números
absolutos podem não ser os maiores, mas ao se estudar as minucias
desse conflito, fica evidente o grau de devastação que essa guerra
causou. Esse ano completa-se um século do incio deste conflito, do
qual tive antepassados que participaram e ainda possuo algumas
medalhas da época, resolvi prestar uma pequena homenagem aos bravos
que lutaram nessa surreal ocasião. A grande guerra é um conflito
completo, muito bem registrado, em fotos e filmes, mas infelizmente é
delegado a segundo plano pelos fabricantes e modelistas. Optar por
esse tema é quase sempre navegar em águas duvidosas, ou melhor,
kits duvidosos. Existem poucos kits, a maioria em escalas menores
como a 1/72, e geralmente são kit ruins. É logico que alguém vai
ler isso aqui e lembrar dos novíssimos kits de aviões da Wingnuts,
esses que são verdadeiras joias modernas do plastimodelismo, mas
quem conhece a causa sabe que eles são a extrema exceção quando se
trata de Primeira Guerra Mundial.
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inicio da camuflagem |
Minha ideia era representar a primeira batalha de tanques que ocorreu
na história, entre um A7V alemão e dois tanques Mark IV ingleses,
ocorrido durante a segunda batalha de
Villers-Bretonneux
. Mas ao invés de
criar um diorama contendo tudo, irei criar tres pequenas vinhetas que
se completam no final.
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Pintura finalizada |
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Projetando a base |
Ao começar pelo A7V
alemão. O kit escolhido foi um antigo kit da Emhar. Para quem não
conhece, essa pequena marca inglesa produz kits de veículos raros,
como os tanques e veículos da primeira guerra. O kit e extremamente
simples, e mesmo assim é bastante ruim. Cheio de problemas de
encaixe, falhas nas juntas, peças mau projetadas e etc. Uma ruindade
concentrada, assim como foi a primeira guerra.
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Base feita com isopor e pasta para modelagem |
Algo muito difícil
nesses casos é achar boas referencias de cores. Em toda minha
pesquisa, a fonte que acabou me passando mais informações foi o bom
e velho Panzer Collors, da editora Squadron, mesmo sendo um livro
sobre pinturas dos tanques da segunda guerra, ele foi o que me tirou
todas as dúvidas sobre pinturas da primeira guerra. As cores já
possuíam as padronizações que conhecemos na segunda guerra, como o
dark yellow, panzer grey, dark green e tudo mais. O cinza (a cor
ecolhida) era largamente utilizada em veículos e uniformes alemães
devido ao fato da cor se “sujar” mais no ambiente. A poeira se
agarra as superfícies tornando o tanque naturalmente da cor de seu
ambiente. Essa técnica permanece em vigor até os anos quarenta, e o
verde escuro escolhido pelos americanos nas guerras é pelo mesmo
motivo. O marrom da pintura ajudava o tanque a se misturar ao enorme
mar de lama que foi a primeira guerra mundial. Mas dos 20 A7V
construídos durante a primeira guerra mundial, não houve dois com a
mesma pintura. Houve aqueles que sairam todo dark yellow, outros
sairam cinza com manchas verdes, houve aquele todo verde e o todo
marrom, padrões variados de pintura, zebrado, tigrado, ameba, mancha
e por ai vai...
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Paredes da trincheira feitas em madeira. |
As figuras são do set
da Airfix. Não há nada que eu recomende nessas figuras além do
fato de elas serem as únicas disponíveis no mercado. Mas são
péssimas. Se você conhece uma palavra que seja mais forte do que
“péssima”, fique a vontade para usar... as figuras não tem
expressão, as rebarbas ficam em pontos importantes das figuras, como
o meio do rosto, o plástico usado é de péssima qualidade, e a
posição de algumas figuras é ridícula. Foi da tentativa que
arrumas uma dessas figuras, um soldado aparentemente ferido ou morto,
mas com a “perninha” dobrada, que nasceu a imagem do homem
terrivelmente mutilado na base. Não sou adepto dessas escolhas de
gosto duvidoso, mas a figura em si já é de gosto duvidoso, até que
não foi um final tão ruim para tal figura. Para representar a lama
sem fim no diorama, foi utilizado uma mistura de pasta de modelar e
terra, extremamente peneirada para adequar a escala. A trincheira foi
construída rusticamente com pequenos pedacinhos de madeira,
palitinhos de sorvetes cortados, depois escurecidos com tinta óleo
de diversa cores. Estou com bastante trabalho pela frente, mas em
breve eu consigo finalizar esse projeto com os tanques ingleses.
Sobre o A7V
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projeto finalizado |
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Figuras da Airfix, de péssima qualidade |
Os primeiros tanques as
desfilar pela primeira guerra foi os ingleses. A ideia inicial era a
criação de um carro blindado para uso geral no front, que andasse
em terrenos ruins, aguentasse fogo de armas leves e algumas
artilharias, e que conseguisse atravessar as trincheiras. O resultado
foi o Mark I, o classico tanque inglês, pesado, extremamente lento,
montado sobre esteiras, assim como alguns tratores da época, para
uma maior distribuição de peso para não atolar na terrível lama
da primeira guerra. Inicialmente o Mark I carregava soldados,
suplementos, água e munição para as trincheiras. Mas logo a ideia
de armá-lo com metralhadoras, e depois com canhões, veio para
ficar.
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A guerra é cruel... |
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Werner |
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Franz |
|
e Klaus |
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Apoio a tropas foi o principal uso do A7V |
Os alemães se
depararam com essas maquinas em meados de 1916, e notaram que além
de uma relativa eficiência em em romper as linhas de defesa, tais
tanques causavam um temor psicológico nos soldados que era tremendo,
maior do que o estrago que de fato tais veículos causavam.
No mesmo ano de 1916 o
engenheiro do exercito
Joseph
Vollmer começou a
projetar a versão alemã do carro blindado. O veículo acabo fincado
pronto apenas em 1918, com um layout bem diferente do inglês, mas
ainda sim, eficiente tanto quanto.
O veículo tinha 7
metros de comprimento por 3 de largura, aproximadamente, e 3 metros
de altura. Pesava 33 toneladas, e sua blindagem era de 33mm na frente
e 15mm nas laterais, algo bastante impressionante a época,
invulnerável para as armas contemporâneas. Era empurrado por dois
motores Mercedes de 200hp, e sua velocidade máxima em condições
ideais era de 15km/h, mas a velocidade normal de operação era entre
2 a 5 km/h. Possuía um moderno canhão de 57mm na parte frontal,
mais 6 metralhadoras espalhadas pelas laterais e traseira. 20
unidades foram fabricadas, mas apenas 10 foram usadas como carro de
combate, as outras 10 unidades serviram como cozinha móvel, tanque
de água, transporte de carga e de feridos.
A primeira batalha
entre tanques da história ocorreu em 1918 durante a segunda batalha
de Villers-Bretonneux.
A batalha em si foi muito dura, mas o encontro entre tanque foi
meramente simbólico. Ao suportar uma trincheira, um A7V avistou dois
tanques ingleses Mark IV, um macho e outro fêmea (eles ganharam esse
nome porque um mesmo Mark IV podia receber como armamento dois
canhões e três metralhadoras, os machos, ou 5 metralhadoras nos
fêmeas, e eles quase sempre operavam em dupla, ou casal se
preferir). O A7V e o Mark IV macho trocaram tiros por uns 15 minutos,
mas pouco se acertou, e os tiros que acertavam não tinham força
suficiente para danificar o adversário seriamente. Eles acabaram
recuando para polpar munição. É, nada empolgante para um momento
histórico tão critico...
De
fato, não há registro de A7V abatidos. Ao termino da guerra, eles
foram entregues aos aliados para uso e estudos, os franceses acabaram
enviando os A7V para lutarem na guerra Russo Polonesa de 1920, mas
não tiveram uma participação representativa. Nesta época,
maquinas mais modernas, leves e rápidas estavam aparecendo, e o A7V
se tornou obsoleto muito rapidamente. Eles acabaram sendo desmontados
para reciclagem dos metais. Apenas uma unidade dos 20 originais foi
preservada, se encontra em um museu na austrália. Exitem algumas
replicas dele circulando por ai, em museus e encontros de blindados
pelo mundo.
O
A7V foi importante pra sua época, e ajudou a mostrar a nova face da
guerra. A primeira guerra foi concebida para ser uma guerra clássica,
medieval, mas o que os generais da época não perceberam de inicio,
é que as grandes revoluções da ciência do inicio do século 20
estariam lutando junto aos soldados. A grande guerra é considerada a
primeira guerra moderna, que salvando as proporções, foi travada da
forma como se travou as guerras dos últimos 100 anos. Pela primeira
vez a guerra teve mobilidade motorizada, batalhas travadas em dois
níveis ao mesmo tempo pelo menos (terra e ar), pela primeira vez a
guerra teve comunicação eletrônica quase instantânea, e pela
primeira vez se experimentou o uso de blindados no apoio das tropas,
tudo de forma rudimentar, claro. Falar em mobilidade na guerra, em
batalhas que soldados ficavam meses enterrados na mesma trincheira, e
comparando com a mobilidade moderna dos tanques, carros e
helicópteros, e praticamente impossível, mas ao comparar com as
guerras que vieram antes, verás que a primeira guerra é muito mais
moderna do que ela aparenta inicialmente. E voltando ao assunto dos
blindados, esse veículos rudimentares criados não surtiram um
efeito contundente ao resultado final da guerra, mas os estudiosos
militares da época, com destaque aos estudiosos alemães, perceberam
o potencial desta maquina de guerra. Assim como os aviões, os
blindados foram profundamente estudados e aprimorados no período
entre guerras, e quando a segunda guerra foi deflagrada, não só as
armas estavam evoluídas, mas como o treinamento e as táticas que
envolviam os blindados estavam fundamentadas. Ao invadir a polônia,
o primeiro evento oficial da segunda guerra, o alemães já sabiam
usar seus blindados como ninguém, com técnicas e táticas que
vigoram até hoje, e todas as nações que não apostaram nessa nova
arma, como o caso da própria Polônia, se viu em uma posição muito
ruim quando fileiras de tanques atravessavam suas linhas de defesas e
o cercavam em questão de horas. Hoje não há nação militarizada
que dispense o uso dos blindados, a importância deles num campo de
batalha parece aumentar ano após ano, mas num teatro moderno de
guerra, o que se percebe é que a pior destruição causada por
tanques ainda é a psicológica, a visão de um blindado inimigo se
aproximando é algo indescritível, e é uma sensação que está
prestes a completar um século de vida.
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"Atirar para todos os lados" era uma característica do A7V |
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a lama era a realidade da Grande Guerra |
4 comentários:
Nossa, cara, ficou muito legal seu diorama! Curto muito modelos de guerra, principalmente tanques, aviões, navios e halicópteros... ou seja: quase tudo...
Muito legal mesmo. Fale um pouco mais dos materiais que usou!
Abraço!
Olá. A lista de materiais é muito extensa, mas vamos lá!
O kit é um Emhar e as figuras Italeri.
O tanque foi pintado com dulco automotivo e acrilico tamiya, tinta óleo esmalte nos efeitos, tinta esmalte na poeira e pigmentos vallejo na lama. O acabamento final foi feito no verniz ducotte Testors
As figuras foram pintadas com tintas tamyia e vallejo
A base é de isopor, as madeiras da trincheira foram esculpidas com madeira de palitos de sorvete. A terra é uma mistura de pasta de modelagem, tinta vallejo e terra peneirada.
Um abraço
Muito massa! Parabéns!
Em breve pretendo contruir um e pedirei sua opinião!
Abra;co!
Meus parabéns
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